quarta-feira, 23 de maio de 2012

Frases de Fernando Pessoa


Frases de Fernando Pessoa


O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte do desenvolvimento superior dela - em segui-la pois mimeticamente com uma insubordinação inconsciente e feliz.


Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.

As nações são todas mistérios. Cada uma é todo o mundo a sós.

Há tanta suavidade em nada dizer e tudo entender.


Consciente de ti, nem a mim sinto.


Tenho tanto sentimento Que é frequente persuadir-me De que sou sentimental.


Teus olhos entristecem. Nem ouves o que digo. Dormem, sonham, esquecem... Não me ouves, e prossigo.


Contemplo o que não vejo. É tarde, é quase escuro. E quanto em mim desejo Está parado ante o muro.


Tudo vale a pena se a alma não é pequena.


Há duas formas para viver a sua vida. Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um m

E assim nas calhas de roda, gira a entreter a razão. Esse comboio de corda que se chama coração.


Basta pensar em sentir, para sentir em pensar.


Meu coração faz sorrir, meu coração a chorar.


Viver é não conseguir.


Sopra o vento, sopra o vento, Sopra alto o vento lá fora; Mas também meu pensamento Tem um vento que o devora.


Eu amo tudo o que foi, tudo o que já não é.





Da minha idéia do mundo Caí... Vácuo além do profundo.

Fernando Pessoa BIOGRAFIA


Introdução

Fernando Antônio Nogueira Pessoa foi um dos mais importantes escritores e poetas do modernismo em Portugal. Nasceu em 13 de junho de 1888 na cidade de Lisboa (Portugal) e morreu, na mesma cidade, em 30 de novembro de 1935.

Obras do heterônimo Alberto Caeiro

· O Guardador de Rebanhos · O guardador de rebanhos - XX · A Espantosa Realidade das Cousas · Um Dia de Chuva · Todos os Dias · Poemas Completos · Quando Eu não tinha · Vai Alta no Céu a lua da Primavera · O Amor é uma Companhia · Eu Nunca Guardei Rebanhos · O Meu Olhar · Ao Entardecer · Esta Tarde a Trovoada Caiu · Há Metafísica Bastante em Não Pensar em Nada · Pensar em Deus · Da Minha Aldeia · Num Meio-Dia de Fim de Primavera · Sou um Guardador de Rebanhos · Olá, Guardador de Rebanhos · Aquela Senhora tem um Piano · Os Pastores de Virgílio · Não me Importo com as Rimas · As Quatro Canções · Quem me Dera · No meu Prato · Quem me Dera que eu Fosse o Pó da Estrada · O Luar · O Tejo é mais Belo · Se Eu Pudesse · Num Dia de Verão · O que Nós Vemos · As Bolas de Sabão · às Vezes · Só a Natureza é Divina · Li Hoje · Nem Sempre Sou Igual · Se Quiserem que Eu Tenha um Misticismo · Se às Vezes Digo que as Flores Sorriem · Ontem à Tarde · Pobres das Flores · Acho tão Natural que não se Pense · Há Poetas que são Artistas · Como um Grande Borrão · Bendito seja o Mesmo Sol · O Mistério das Cousas · Passa uma Borboleta · No Entardecer · Passou a Diligência · Antes o Vôo da Ave · Acordo de Noite · Um Renque de árvores · Deste Modo ou Daquele Modo

Obras do heterônimo Álvaro de Campos

· Acaso · Acordar · Adiamento · Afinal · A Fernando Pessoa · A Frescura · Ah, Onde Estou · Ah, Perante · Ah, Um Soneto · Ali Não Havia · Aniversário · Ao Volante · Apostila · às Vezes · Barrow-on-Furness · Bicarbonato de Soda · O Binômio de Newton · A Casa Branca Nau Preta · Chega Através · Cartas de amor · Clearly Non-Campos! · Começa a Haver · Começo a conhecer-me. Não existo · Conclusão a sucata !... Fiz o cálculo · Contudo · Cruz na Porta · Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa · Datilografia · Dela Musique · Demogorgon · Depus a Máscara · Desfraldando ao conjunto fictício dos céus estrelados · O Descalabro · Dobrada à morda do Porto · Dois Excertos de Odes · Domingo Irei · Escrito Num Livro Abandonado em Viagem · Há mais · Insônia · O Esplendor · Esta Velha · Estou · Estou Cansado · Eu · Faróis · Gazetilha · Gostava · Grandes · Há Mais · Lá chegam todos, lá chegam todos... · Lisboa · O Florir · O Frio Especial · Lisbon Revisited - l923 · Lisbon Revisited - 1926 · Magnificat · Marinetti Acadêmico · Mas Eu · Mestre · Na Casa Defronte · Na Noite Terrivel · Na Véspera · Não Estou · Não, Não é cansaço · Não: devagar · Nas Praças · Psiquetipia (ou Psicotipia) · Soneto já antigo · The Times

Obras do heterônimo Ricardo Reis

· A Abelha · A Cada Qual · Acima da verdade · A flor que és · Aguardo · Aos Deuses · Antes de Nós · Anjos ou Deuses · A palidez do dia · Atrás não torna · A Nada Imploram · As Rosas · Azuis os Montes · Bocas Roxas · Breve o Dia · Cada Coisa · Cada dia sem gozo não foi teu · Cancioneiro · Como · Coroai-me · Cuidas, índio · Da Lâmpada · Da Nossa Semelhança · De Apolo · De Novo Traz · Deixemos, Lídia · Dia Após Dia · Do que Quero · Do Ritual do Grau de Mestre do átrio na Ordem Templária de Portugal · Domina ou Cala · Eros e Psique · Estás só. Ninguém o sabe · Felizes · Flores · Frutos · Gozo Sonhado · Inglória · Já Sobre a Fronte · Mestre · Meu Gesto · Nada Fica · Não a Ti, Cristo, odeio ou te não quero · Cristo Não a Ti, Cristo, odeio ou menosprezo · Não Canto · Não Consentem · Não queiras · Não quero, Cloe, teu amor, que oprime · Não quero recordar nem conhecer-me · Não Só Vinho · Negue-me · Ninguém a Outro Ama · Ninguém, na vasta selva virgem · No Breve Número · No Ciclo Eterno · No Magno Dia · No mundo, Só comigo, me deixaram · Nos Altos Ramos


Biografia

Fernando Pessoa foi morar, ainda na infância, na cidade de Durban (África do Sul), onde seu pai tornou-se cônsul. Neste país teve contato com a língua e literatura inglesa. Adulto, Fernando Pessoa trabalhou como tradutor técnico, publicando seus primeiro poemas em inglês. Em 1905, retornou sozinho para Lisboa e, no ano seguinte, matriculou-se no Curso Superior de Letras. Porém, abandou o curso um ano depois. Pessoa passou a ter contato mais efetivo com a literatura portuguesa, principalmente Padre Antônio Vieira e Cesário Verde. Foi também influenciado pelos estudos filosóficos de Nietzsche e Schopenhauer. Recebeu também influências do simbolismo francês. Em 1912, começou suas atividade como ensaísta e crítico literário, na revista Águia. A saúde do poeta português começou a apresentar complicações em 1935. Neste ano foi hospitalizado com cólica hepática, provavelmente causada pelo consumo excessivo de bebida alcoólica. Sua morte prematura, aos 47 anos, provavelmente aconteceu em função destes problemas, pois apresentou cirrose hepática.

O ortônimo e os heterônimos de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa usou em suas obras diversas autorias. Usou seu próprio nome (ortônimo) para assinar várias obras e pseudônimos (heterônimos) para assinar outras. Os heterônimos de Fernando Pessoa tinham personalidade própria e características literárias diferenciadas. São eles: Álvaro de Campos Era um engenheiro português de educação inglesa. Influenciado pelo simbolismo e futurismo, apresentava um certo niilismo em suas obras. Ricardo Reis Era um médico que escrevia suas obras com simetria e harmonia. O bucolismo estava presente em suas poesias. Era um defensor da monarquia e demonstrava grande interesse pela cultura latina. Alberto Caeiro Com uma formação educacional simples (apenas o primário), este heterônimo fazia poesias de forma simples, direta e concreta. Suas obras estão reunidas em Poemas Completos de Alberto Caeiro.

Obras de Fernando Pessoa

· Do Livro do Desassossego · Ficções do interlúdio: para além do outro oceano · Na Floresta do Alheamento · O Banqueiro Anarquista · O Marinheiro · Por ele mesmo

Poesias de Fernando Pessoa

· A barca · Aniversário · Autopsicografia · À Emissora Nacional · Amei-te e por te amar... · Antônio de Oliveira Salazar · Autopsicografia · Elegia na Sombra · Isto · Liberdade · Mar português · Mensagem · Natal · O Eu profundo e os outros Eus · O cancioneiro · O Menino da Sua Mãe · O pastor amoroso · Poema Pial · Poema em linha reta · Poemas Traduzidos · Poemas de Ricardo Reis · Poesias Inéditas · Poemas para Lili · Poemas de álvaro de Campos · Presságio · Primeiro Fausto · Quadras ao gosto popular · Ser grande · Solenemente · Todas as cartas de amor... · Vendaval

Prosas de Fernando Pessoa

Pessoa e o Fado: Um Depoimento de 1929 · Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação · Páginas de Estética e de Teoria e de Crítica Literárias

Obras do heterônimo Ricardo Reis




Nunca · Ouvi contar que outrora · Olho · O que Sentimos · Os Deuses e os Messias · O Deus Pã · Os Deuses · O Ritmo Antigo · O Mar Jaz · O Sono é Bom · O Rastro Breve · Para os Deuses · Para ser grande, sê inteiro: nada · Pesa o Decreto · Ponho na Altiva · Pois que nada que dure, ou que, durando · Prazer · Prefiro Rosas · Quanta Tristeza · Quando, Lídia · Quanto faças, supremamente faze · Quem diz ao dia, dura! e à treva, acaba! · Quer Pouco · Quero dos Deuses · Quero Ignorado · Rasteja Mole · Sábio · Saudoso · Segue o teu destino · Se Recordo · Severo Narro · Sereno Aguarda · Seguro Assento · Sim · Só o Ter · Só Esta Liberdade · Sofro, Lídia · Solene Passa · Se a Cada Coisa · Sob a leve tutela · Súbdito Inútil · Tão cedo passa tudo quanto passa! · Tão Cedo · Tênue · Temo, Lídia · Tirem-me os Deuses · Tudo que Cessa · Tuas, Não Minhas · Uma Após Uma · Uns · Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio · Vivem em nós inúmeros · Vive sem Horas · Vossa Formosa

Poema de Fernando Pessoa


O Amor

O amor, quando se revela, Não se sabe revelar. Sabe bem olhar pra ela, Mas não lhe sabe falar. Quem quer dizer o que sente Não sabe o que há de dizer. Fala: parece que mente Cala: parece esquecer Ah, mas se ela adivinhasse, Se pudesse ouvir o olhar, E se um olhar lhe bastasse Pra saber que a estão a amar! Mas quem sente muito, cala; Quem quer dizer quanto sente Fica sem alma nem fala, Fica só, inteiramente! Mas se isto puder contar-lhe O que não lhe ouso contar, Já não terei que falar-lhe Porque lhe estou a falar.

Poemas de Fernando Pessoa



                                 Poemas de FERNANDO PESSOA


Eu amo tudo o que foi
Eu amo tudo o que foi, Tudo o que já não é, A dor que já me não dói, A antiga e errônea fé, O ontem que dor deixou, O que deixou alegria Só porque foi, e voou E hoje é já outro dia.

Tenho tanto sentimento
Tenho tanto sentimento Que é freqüente persuadir-me De que sou sentimental, Mas reconheço, ao medir-me, Que tudo isso é pensamento, Que não senti afinal. Temos, todos que vivemos, Uma vida que é vivida E outra vida que é pensada, E a única vida que temos É essa que é dividida Entre a verdadeira e a errada. Qual porém é a verdadeira E qual errada, ninguém Nos saberá explicar; E vivemos de maneira Que a vida que a gente tem É a que tem que pensar.

Abdicação
Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços E chama-me teu filho. Eu sou um rei que voluntariamente abandonei O meu trono de sonhos e cansaços. Minha espada, pesada a braços lassos, Em mão viris e calmas entreguei; E meu cetro e coroa — eu os deixei Na antecâmara, feitos em pedaços Minha cota de malha, tão inútil, Minhas esporas de um tinir tão fútil, Deixei-as pela fria escadaria. Despi a realeza, corpo e alma, E regressei à noite antiga e calma Como a paisagem ao morrer do dia.

A minha vida é um barco abandonado
A minha vida é um barco abandonado Infiel, no ermo porto, ao seu destino. Por que não ergue ferro e segue o atino De navegar, casado com o seu fado ? Ah! falta quem o lance ao mar, e alado Torne seu vulto em velas; peregrino Frescor de afastamento, no divino Amplexo da manhã, puro e salgado. Morto corpo da ação sem vontade Que o viva, vulto estéril de viver, Boiando à tona inútil da saudade. Os limos esverdeiam tua quilha, O vento embala-te sem te mover, E é para além do mar a ansiada Ilha.

A morte chega cedo
A morte chega cedo, Pois breve é toda vida O instante é o arremedo De uma coisa perdida. O amor foi começado, O ideal não acabou, E quem tenha alcançado Não sabe o que alcançou. E tudo isto a morte Risca por não estar certo No caderno da sorte Que Deus deixou aberto.

Grandes mistérios habitam
Grandes mistérios habitam O limiar do meu ser, O limiar onde hesitam Grandes pássaros que fitam Meu transpor tardo de os ver. São aves cheias de abismo, Como nos sonhos as há. Hesito se sondo e cismo, E à minha alma é cataclismo O limiar onde está. Então desperto do sonho E sou alegre da luz, Inda que em dia tristonho; Porque o limiar é medonho E todo passo é uma cruz.


Cai chuva do céu cinzento
Cai chuva do céu cinzento Que não tem razão de ser. Até o meu pensamento Tem chuva nele a escorrer. Tenho uma grande tristeza Acrescentada à que sinto. Quero dizer-ma mas pesa O quanto comigo minto. Porque verdadeiramente Não sei se estou triste ou não. E a chuva cai levemente (Porque Verlaine consente) Dentro do meu coração.

Poemas ao Vento
Sopra o vento, sopra o vento, Sopra alto o vento lá fora; Mas também meu pensamento Tem um vento que o devora. Há uma íntima intenção Que tumultua em meu ser E faz do meu coração O que um vento quer varrer; Não sei se há ramos deitados Abaixo no temporal, Se pés do chão levantados Num sopro onde tudo é igual. Dos ramos que ali caíram Sei só que há mágoas e dores Destinadas a não ser Mais que um desfolhar de flores.

Teus olhos entristecem
Teus olhos entristecem. Nem ouves o que digo. Dormem, sonham, esquecem... Não me ouves, e prossigo. Digo o que já, de triste, Te disse tanta vez... Creio que nunca o ouviste De tão tua que és. Olhas-me de repente De um distante impreciso Com um olhar ausente. Começas um sorriso. Continuo a falar. Continuas ouvindo O que estás a pensar, Já quase não sorrindo. Até que neste ocioso Sumir da tarde fútil, Se esfolha silencioso O teu sorriso inútil.

Abismo
Olho o Tejo, e de tal arte Que me esquece olhar olhando, E súbito isto me bate De encontro ao devaneando — O que é sério, e correr? O que é está-lo eu a ver? Sinto de repente pouco, Vácuo, o momento, o lugar. Tudo de repente é oco — Mesmo o meu estar a pensar. Tudo — eu e o mundo em redor — Fica mais que exterior. Perde tudo o ser, ficar, E do pensar se me some. Fico sem poder ligar Ser, idéia, alma de nome A mim, à terra e aos céus... E súbito encontro Deus.

Flor que não dura



Flor que não dura Mais do que a sombra dum momento Tua frescura Persiste no meu pensamento. Não te perdi No que sou eu, Só nunca mais, ó flor, te vi Onde não sou senão a terra e o céu

Fernando Pessoa


Autopsicografia

Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama o coração.

Estamos em 2021 em plena pandemia mundial do covid 19.

No ano de 2019 começou a pandemia mundial da covid 19. Estamos em janeiro de 2021.